Ana Carolina fala sobre maturidade artística e sexualidade
- beatosdaana
- 4 de mai. de 2015
- 3 min de leitura
Com 16 anos de carreira, Ana Carolina fala sobre maturidade artística e sexualidade.
Cantora de 40 anos apresentou DVD e CD do seu melhor show, com músicas de Belchior e Springsteen
Por Hagamenon Brito, do Rio.
Pessoalmente, a cantora e compositora Ana Carolina, 40 anos, é uma mulher forte, prática, sem rodeios diante daquilo que pensa e deseja. A sua trajetória artística em 16 anos faz justiça a essas características: dos barzinhos da noite de Juiz de Fora, Minas Gerais, para o primeiro time do showbiz brasileiro.
É essa impressão que a artista me passa, mais uma vez, ao nos receber no misto de sala e estúdio de pintura em sua casa, no Jardim Botânico, na tarde nublada com bela vista para o Cristo Redentor e a Lagoa Rodrigo de Freitas.
Ana Carolina, que passou o dia pintando (ela também mostra talento nas artes plásticas), está lançando o DVD #AC Ao Vivo (Sony Music), disponível ainda em CDs duplo e simples.
Bem dirigido pela baiana Monique Gardenberg, o show do DVD foi gravado em outubro de 2014 no Citibank Hall, em São Paulo, e apresenta uma novidade nos espetáculos de Ana: a presença de um DJ - o soteropolitano Mikael Mutti, que já trabalou com Carlinhos Brown, Sergio Mendes, Santana, will.i.am -, o que torna as canções mais dançantes e diferentes.
Essência "Mudar sem perder a essência é complicado. O público quer você diferente, mas também do mesmo jeito - e eu faço muitas coisas diferentes. O mais difícil não é chegar ao sucesso, é mantê-lo", afirma ela, que buscou em sua caminhada não ficar refém da fórmula de mega hits como Rosas, Garganta e É Isso Aí, dueto com Seu Jorge e versão de The Blower's Daughter, de Damien Rice.
O repertório do DVD baseia-se no álbum #AC (2013), mas inclui alguns hits da sua carreira e as regravações de Fire, do ícone do rock americano Bruce Springsteen, e Coração Selvagem, clássico do cearense Belchior.
"As duas canções foram sugeridas pela Monique Gardenberg. Ela achava que ambas combinavam com a estética do show", revela Ana, que trocou a frase original "coma um cachorro-quente", de Coração Selvagem, por "depois do meu beijo quente".
"Eu impliquei com a frase do cachorro-quente porque ela me lembrava a fase de Juiz de Fora, de dureza, quando eu saía do show no bar e ia comer cachorro-quente (risos). Achamos a frase 'depois do meu beijo quente' e eu fiquei mais confortável em cantar. É uma balada poderosa e deu um frescor ao meu repertório", explica.
Autocrítica O show também reafirma algo percebido nos últimos álbuns de estúdio de Ana Carolina: ela vem trabalhando sua natureza interpretativa passional, a tendência para demonstrar a sua evidente potência vocal. Em outros tempos, por exemplo, ela teria exagerado na letra já dramaticamente confessional de Coração Selvagem.
"Isso veio com o tempo, é um processo de maior experiência, de maturidade, mesmo. Quando ouço os primeiros discos, até mesmo Estampado (2003), percebo que hoje eu cantaria aquilo de outra forma, procuraria outros tons. Era uma necessidade de mostrar tudo de vez, de afirmação", diz.
O processo de maturidade inclui também o leque de parceiros musicais que Ana foi expandindo ao longo da trajetória: do gaúcho Antonio Villeroy à italiana Chiara Civello, passando pelo americano John Legend e o carioca Edu Krieger, coautor de seis composições do novo trabalho.
Aglutinadora, ela também transformou sua mansão em um ponto de encontro musical, tocando piano e recebendo artistas como Maria Gadú, Mart'nália, John Legend (seu parceiro em Entreolhares, de 2009), Chiara Civello e Norah Jones.
Na própria casa, onde tem um estúdio de gravação, a cantora gravou e dirigiu os clipes de Pole Dance, o sensual Libido e Un Sueño Bajo el Agua, com participação de Chiara, dentro da piscina.
Estes e mais Combustível, Leveza da Valsa e Resposta da Rita estão no DVD como bônus: o de Leveza da Valsa, em P&B, tem participação do coautor Guinga; e Resposta da Rita conta com a presença luxuosa de Chico Buarque.
"Maria Bethânia me pediu para fazer uma resposta da Rita à música A Rita, de Chico. Eu e Edu Krieger compomos, mas ela acabou não gravando, foi na época da morte de Dona Canô. Então gravei e chamei Chico para fazer dueto e, ele generoso, aceitou", conta.
#AC Ao Vivo: Ana Carolina regravou Coração Selvagem, clássico do grande Belchior; e canta Fire, do ícone americano do rock’n’roll Bruce Springsteen (Foto: Reprodução)
Intolerância sexual Em tempos de muitas demonstrações de intolerância sexual em alguns setores da sociedade brasileira, Ana mantém-se na dela e com a atitude de quem revelou ser bissexual na capa da Veja, em 2005:
"Essas coisas sempre aconteceram, não acho que a intolerância cresceu, é porque hoje repercute mais. Acho isso coisa de gente mal resolvida com a própria sexualidade". É isso aí.
Fonte: correio24horas

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